Cold Fish(2010)- Crítica
''Quando
se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha de volta para
você."-Friedrich Nietzsche.
Eu amo quando um filme conversa diretamente com a linha filosófica de Nietzsche, e esse é a perfeita transcrição dessa abordagem dele em formato de um filme. Baseado em fatos reais o enredo nos mostra a vida de Shamoto foi espancado até a submissão pelas exigências da vida mundana. Ele tem um estranho relacionamento com sua segunda esposa que ainda não foi aceita por sua filha adolescente e rebelde, Mitsuko. A única alegria na vida de Shamoto é uma loja de pequenos peixes tropicais. Quando Mitsuko é pega furtando, Murata ajuda Shamoto a resolver as coisas com o gerente da loja. Murata, dono de uma loja de peixes tropicais chamada Amazon Gold, imediatamente cria um vínculo com Shamoto e se oferece para ajudar a filha rebelde, dando-lhe um trabalho com casa e comida. Shamoto é arrastado para o negócio de Murata e sua esposa sem saber que por trás de seu comportamento amigável esconde um sociopata perigoso(a esposa também é, e muito).
A direção é do fenomenal e meu diretor japonês favorito, Sion Sono. Apesar das 2 horas e meia, o filme possui um ritmo que te puxa cada vez mais e você mergulha de vez na vida da família pra saber se tudo irá dar certo.
O personagem principal, apesar de ser o protagonista da história até o fim, tem seus momentos dramáticos críveis e com um peso singelo e verdadeiro. Porém(e tenho certeza que isso irá incomodar todos), ele é muito pastel!!!! Quando você sabe que ele tem a chance de se dar bem, ele não faz, e isso é muito mas muito irritante. Mas perto do final, vemos a transformação que é meio chocante e desconstrói todo aquele pastelão que acompanhamos até ali(e que obviamente cabe perfeitamente na frase que iniciei essa crítica). E é sério, é assustador demais quando isso acontece, e com uma cena não muito assistível para os mais fracos com esses filmes climáticos e despirocados do cinema.
E nessa onda de perturbador, não é só essa cena que citei acima que é assim. Existem muitas cenas grotescas e sangrentas no segundo ato para frente. Apesar de serem fortes para os mais fracos, é inegável que são ULTRAMENTE BEM FEITAS! Seguidas pelas atuações fenomenais do protagonista Shamoto, da sua esposa interpretada pela maravilhosa Megumi Kagurazaka(esposa do diretor) e a esposa do 'vilão'. Porém, o ator do 'vilão' faz um personagem com expressões nada espontâneas e um sotaque meio caricato e ruim. O que é triste, já que boa parte das cenas tensas até a metade ocorrem por sua causa.
O uso do silêncio constrangedor e do som dos aparelhos nas casas e da loja(como o fogão ligado, aquário, TV, etc.) é muito mais presente e necessário do que uma trilha sonora incessante para forçar o suspense, o que seria totalmente contrário se o filme fosse americano, sabemos disso.
A fotografia por sua vez talvez seja a coisa mais técnica e surpreendente de qualquer obra do Sion Sono. Com inúmeras metáforas da mise-en-scène em paralelo com o emocional dos personagens(até mesmo o título do filme, e o fato dele trabalhar com peixes, sendo 'animaizinhos' que parecem ser felizes e morando num lugar totalmente enfeitado, mas que não deixa de viver naquele cubículo e com sua vida limitada), o uso das luzes e o contraste com a sombra; a composição, paleta de cores e o uso de planos sequências longos nos momentos brutais do filme mexe de uma forma genuína com todos que assistem.
RECOMENDADÍSSIMO!
Eu amo quando um filme conversa diretamente com a linha filosófica de Nietzsche, e esse é a perfeita transcrição dessa abordagem dele em formato de um filme. Baseado em fatos reais o enredo nos mostra a vida de Shamoto foi espancado até a submissão pelas exigências da vida mundana. Ele tem um estranho relacionamento com sua segunda esposa que ainda não foi aceita por sua filha adolescente e rebelde, Mitsuko. A única alegria na vida de Shamoto é uma loja de pequenos peixes tropicais. Quando Mitsuko é pega furtando, Murata ajuda Shamoto a resolver as coisas com o gerente da loja. Murata, dono de uma loja de peixes tropicais chamada Amazon Gold, imediatamente cria um vínculo com Shamoto e se oferece para ajudar a filha rebelde, dando-lhe um trabalho com casa e comida. Shamoto é arrastado para o negócio de Murata e sua esposa sem saber que por trás de seu comportamento amigável esconde um sociopata perigoso(a esposa também é, e muito).
A direção é do fenomenal e meu diretor japonês favorito, Sion Sono. Apesar das 2 horas e meia, o filme possui um ritmo que te puxa cada vez mais e você mergulha de vez na vida da família pra saber se tudo irá dar certo.
O personagem principal, apesar de ser o protagonista da história até o fim, tem seus momentos dramáticos críveis e com um peso singelo e verdadeiro. Porém(e tenho certeza que isso irá incomodar todos), ele é muito pastel!!!! Quando você sabe que ele tem a chance de se dar bem, ele não faz, e isso é muito mas muito irritante. Mas perto do final, vemos a transformação que é meio chocante e desconstrói todo aquele pastelão que acompanhamos até ali(e que obviamente cabe perfeitamente na frase que iniciei essa crítica). E é sério, é assustador demais quando isso acontece, e com uma cena não muito assistível para os mais fracos com esses filmes climáticos e despirocados do cinema.
E nessa onda de perturbador, não é só essa cena que citei acima que é assim. Existem muitas cenas grotescas e sangrentas no segundo ato para frente. Apesar de serem fortes para os mais fracos, é inegável que são ULTRAMENTE BEM FEITAS! Seguidas pelas atuações fenomenais do protagonista Shamoto, da sua esposa interpretada pela maravilhosa Megumi Kagurazaka(esposa do diretor) e a esposa do 'vilão'. Porém, o ator do 'vilão' faz um personagem com expressões nada espontâneas e um sotaque meio caricato e ruim. O que é triste, já que boa parte das cenas tensas até a metade ocorrem por sua causa.
O uso do silêncio constrangedor e do som dos aparelhos nas casas e da loja(como o fogão ligado, aquário, TV, etc.) é muito mais presente e necessário do que uma trilha sonora incessante para forçar o suspense, o que seria totalmente contrário se o filme fosse americano, sabemos disso.
A fotografia por sua vez talvez seja a coisa mais técnica e surpreendente de qualquer obra do Sion Sono. Com inúmeras metáforas da mise-en-scène em paralelo com o emocional dos personagens(até mesmo o título do filme, e o fato dele trabalhar com peixes, sendo 'animaizinhos' que parecem ser felizes e morando num lugar totalmente enfeitado, mas que não deixa de viver naquele cubículo e com sua vida limitada), o uso das luzes e o contraste com a sombra; a composição, paleta de cores e o uso de planos sequências longos nos momentos brutais do filme mexe de uma forma genuína com todos que assistem.
RECOMENDADÍSSIMO!
nota: 9 /10
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