Na Praia à Noite Sozinha(2017)- Crítica


Na Praia à Noite Sozinha(2017)- Crítica

Meu texto sobre o filme 'Na Praia À Noite Sozinha'(2017) e a desesperança existencialista dos valores sobre amor.

Deixando de lado o aspecto praticamente autobiográfico da história de como o diretor desse filme(Hong Sang-soo) conheceu Kim Min-Hee(protagonista do filme também) temos uma obra calma, poética, sensível e até mesmo onírica em algumas partes da mesma.Com uma direção precisa e calma(que deve ser destacado aos desavisados e desacostumados com filmes onde a maior base da obra são diálogos) vemos uma queda lenta e amarga das crenças e valores que a protagonista sempre carregou em sua vida até certo momento de sua vida, onde teve um caso com um homem casado. A atuação de Kim Min-Hee é perfeita! Um olhar que sempre carrega uma pequena chama apenas de esperança, mas que ainda desfruta das pequenas coisas boas que à cerca(mesmo que enxergue algumas como falsidade).Como citei agora há pouco, a maneira de direção e ritmo estabelecido pelo diretor(presente em todos os seus filmes) pode acabar desagradando alguns, mas é recompensador quando você mergulhar em suas ideias sobrepostas por todo o texto dos filmes. Cenas de câmera estática, repleto de movimentos panorâmicos nos da um ar de realismo total, junto enormes diálogos nas cenas de planos sequências(todas as cenas que me lembre são planos sequências praticamente), exigindo um formato mais teatral até mesmo no timing dos atores, que mandam bem. E uma paleta de cores MAGNÍFICA junto a composição incrível de cada enquadramento. Destaque também aqui pra famosa cena do jantar da Kim Min-Hee, que é magnífica, densa e totalmente sincera(com um quê explosivo) quando nos lembrados que é uma autobiografia sobreposta em uma forma cinematográfica.''-Não pode amar, então se apega à vida, certo?...Como não pode amar de verdade, ao menos terá isso. Estou errada?''-É o que eu faço?-Mas você não pode amar. Não é capaz de amar e nem merece ser amado. Mas todos cantamos sobre o amor. Já conheceu alguém que saiba amar?? São todos covardes, satisfeitos com mentiras. Se estão felizes com essa vida, não são aptos a amar!!''Essa forma crua que vemos em todas as cenas, nos fazer entrar de cabeça na desconstrução das ideias da protagonista, sempre a partir dos diálogos iniciadas pela mesma, todos intensos e com uma naturalidade humana profunda demais. Nos criando já um 'background' dela ter passado por decepções e falsas realizações. As preocupações de achar alguma pessoa com algum arquétipo que carregamos, mesmo que inconscientemente, tendo ela cabelo grande, curto, liso ou enrolado; um corpo de 5 anos de academia, um rosto simétrico e ''perfeito'', olhos claros,etc. Talvez tudo isso limitou e foi o estopim para epifania dela ver o quão fútil as pessoas levam suas relações amorosas. Boa parte delas usando seus parceiros como troféus, tentando transparecer de alguma forma terem vidas perfeitas e sem erros. ''Será que somos todos aptos para amar de verdade?''.E destaque também por diversas cenas irônicas e metalinguística, interna e externamente ao contexto do qual o longa foi criado, que é GENIAL!"Chegou o momento da separação. Quando cruzamos os olhares naquela sala,perdemos o controle. Eu a peguei em meus braços, ela aperta o rosto em meu peito.Lágrimas caindo de seus olhos. Beijando sua face, ombros e mãos molhadas, éramos verdadeiramente... infelizes. Eu confessei meu amor por ela, e com uma ardente dor no peito, percebi o quão era desnecessário, insignificante e ilusório tudo aquilo que havia impedido nosso amor. Quando se ama, devemos, no nosso entendimento desse amor, priorizar o que é mais elevado, o que importa mais que a felicidade ou tristeza, ou mais que a ideia de pecado e virtude, caso contrário... não devemos raciocinar em nada, foi o que percebi."
nota: 10 /10

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