The Shape of Water(2017)- Uma pequena análise


The Shape of Water(2017)- Uma pequena análise

Agora vai ser meu texto analisando algumas coisinhas do filme 'A Forma da Água' para provar, pra quem não percebeu ainda ou não aceitou, o quão redondo e genial ele é[e explicar também o por que do nome do filme]. Let's bora;
Além desse filme ter ganhado o Oscar por alguns requisitos já meio batidos(quando esperam de um filme indicado ao Oscar), como: ser um filme de época, ter referências o tempo todo a estrelas de Hollywood dos anos 50 e 60, ter queridinhos atuais da crítica, uma metáfora forte e uma cena musical maravilhosa; é bom sabermos que ele não é apenas essas apontamentos que fiz, e sim muito mais. 
Tudo nesse filme foi muito bem pensado de forma coesa e para dar um senso de fábula. A fotografia, trilha sonora, paleta de cores, direção de arte, narrativa, direção, roteiro e personagens. E personagens tenha sido, pra mim, o destaque mais incrível que pouca gente deve ter pego todas as nuances de verdade. Temos uma protagonista muda se apaixonando por uma criatura marinha que também não se comunica por palavras, temos o vilão de Michael Shannon que é incrível, temos o personagem de Richard Jenkins que sempre escondeu sua sexualidade que era tão abominada e facilmente alvo de preconceitos, e o personagem da Octavia Spender, que apesar de parecer a mais bem resolvida em termos de relacionamento, temos um seguimento no terceiro ato que nos dá uma amostra do quão 'encostado' é seu marido de fato.
O filme, apesar de estar tendo uma visibilidade gigantesca(nem só pelo ganho do Oscar), ele é um filme corajoso na forma do como e do quê abordou em sua protagonista. Ter uma súbita cena de masturbação da protagonista no início do filme é uma abordagem de certa forma corajosa demais, mesmo que essa construção toda do papel da sexualidade em forma de fantasia, isso tinha grandes chances de ficar desconexo, desnecessário ou até absurdo, mesmo em meio ao mito que o filme iria estabelecer. Mas tudo, desde os pequenos detalhes é tão perfeito que a gente compra facilmente a ideia e mergulha no estudo maravilhoso da personagem. As cores frias e não tão vibrantes assim dos papeis de parede e dos tapetes da casa nos dá um senso de sentimento total da personagem, que transita entre tentar ser feliz ou se sentir mais solitária. Vemos, só pelo olhar e atuação maravilhosa de Sally Hawkins, o quão ela ainda sonha com um destino melhor. Pelo carinho que ela dá a quem dá atenção a ela, a maneira como ela devaneia em seus pensamentos, quando ela come, quando ela assiste TV. Há um recheio incrível de riquezas de nuances.
E como citei agora há pouco, todos os personagens coadjuvantes apesar de parecerem completos com a vida, são incompletos. E o vilão do filme, interpretado por Michael Shannon, nos mostra isso em uma cena de sexo até meio agressiva com a esposa, onde constantemente ele pede para que ela não fale uma palavra, denotando o desejo(apesar do desprezo) pela personagem principal, que é muda.
Contorno o fato mais uma vez(mesmo que todos já devem ter percebido) da principal ser muda e a criatura não falar, necessitando de uma harmonia visual e de ações do personagem mais íntima e romântica. Pois o amor não há idioma, o idioma é o se conhecer, conhecer o próximo. Coisa que o casal sempre fazia quando se encontravam. Além da cena onírica dela começando a falar e cantando, que é sensacional!
Constantemente no longa vemos cenas da criatura ou passando mal, ou por instantes parecendo ter perdido a 'conexão', a sintonia que o casal tinha em meio a toda jornada de desprezo e ódio la fora daquele fato ter chegado até ali: a criatura ser sequestrada/aquele romance estar acontecendo.
Coisa que a sociedade sempre fez e continua até hoje, represando suas formas de amor por uma concepção tão limitada e barata de verem um dos apaixonados(ou o casal) como criaturas. Ainda mais na época que o filme se passa, o contorno dessa metáfora fica ainda mais forte em meio a todos os elementos que já citei no texto, uma alusão a: relacionamentos gays, interraciais, por serem de nacionalidades diferentes, culturas diferentes, idades diferentes.
E tem um fato que é facilmente entendível apenas na cena final, onde aquelas 3 marcas de possivelmente um arranhado no pescoço da protagonista se transforma em guelras de peixe, para que finalmente ela possa viver num mundo apenas com seu amado. Marcas essas mostradas no início do filme, não nos é mostrado um porquê ou uma história do motivo daquilo existir, assim como não é necessário para a sexualidade.
E por falar no desfecho, temos ai um dos desfechos do único filme do Oscar que chorei de verdade. Por ser uma cena maravilhosamente bem feita, linda, poética e que me fez perceber só ali essa interpretação incrível do título do filme.
Que, assim como a água, o amor não possui forma. Ela simplesmente se adéqua ao 'recipiente' que a tem.

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